Por Fabrício Guimarães Pereira
Aromaterapia é uma prática integrativa incluída pelo Ministério da Saúde na Política Nacional de Práticas Integrativas em março de 2018, sendo um ramo da fitoterapia, pois se baseia no uso de óleos essenciais e sua resposta no corpo humano.
Os óleos essenciais, por sua vez, são compostos do metabolismo secundário das plantas, muito conhecido por seus poderes de defesa, comunicação e perpetuação da espécie na planta. É através da liberação de seus óleos essenciais que as plantas repelem a herbivoria, ou atraem polinizadores, bem como auxiliam na vida do vegetal em condições climáticas diversas.
Considero importante diferenciar aqui óleos essenciais (compostos unicamente por um extrato de uma espécie, ou um blend/sinergia de várias espécies de plantas) de essências (compostos por álcool, água, glicerina, outros conservantes e outros produtos químicos nada naturais), sendo que esse último não gera resposta fisiológica terapêutica reconhecida.
No ser humano, os óleos essenciais geram tanto efeitos fisiológicos, quanto emocionais, o primeiro pela presença de compostos ativos químicos que, ao se relacionarem com receptores das nossas células, geram respostas físiológicas (p. ex: diminuição de dor, diminuição de inflamação, regulação hormonal, regulação da pressão sanguínea, entre outros). Mas também atuam de forma emocional pois aromas estão relacionados diretamente ao nosso sistema límbico, o sistema das emoções, podendo disparar respostas desse sistema por meio do olfato, do julgamento de ser um aroma bom ou ruim, ou até mesmo por memória olfativa. E aqui é importante o acompanhamento de um profissional capacitado para conduzir o tratamento dentro do aspecto emocional, muitas vezes inclusive dentro de uma equipe multiprofissional.
Não há legislação ou regulamentação para atuar com óleos essenciais ainda e aqui esbarramos em uma das grandes dificuldades da atuação, já que qualquer pessoa pode se intitular aromaterapeuta. Lidar com compostos extremamente concentrados como os óleos essenciais, além de poderem possuir de 30 a até 300 moléculas/princípios ativos, é muito perigoso e demanda uma grande conhecimento na área, já que esses compostos podem interagir com os medicamentos que o paciente estiver utilizando, além de poder gerar toxicidade se mal utilizado.
Existem óleos essenciais como o de Gaultéria, ou Wintergreen, que possuem altos teores de salicilato de metila e, como bem sabemos, salicilato de metila é biotransformado em ácido salicílico, potentíssimo analgésico e antiinflamatório, porém potentíssimo hepatotóxico. Além dele, temos a famosa Hortelã pimenta, rica em mentol e mentona, mas que se utilizada por crianças menores de três anos, é neurotóxico, portanto, não recomendado.
Não vejo profissional mais habilitado que o farmacêutico que se dedicar a área para atuação, visto nosso conhecimento em química, fisiologia, patologia, farmacologia, interações medicamentosas, farmacognosia, controle de qualidade de óleos essenciais, entre outros aspectos, o farmacêutico é um profissional que, desde a graduação em diversas disciplinas, já encontra informações desde a extração até os efeitos no ser humano e todo o seu processo cinético e dinâmico no corpo.
Existem muitos cursos por aí para se estudar aromaterapia, recomenda-se muito cursos com o reconhecimento do IBRA (Instituto Brasileiro de Aromatologia e Aromaterapia) e de alguns disponibilizados pelas próprias marcas de óleos essenciais (laszlo, by samia, casa may, terra flor,..). Cuidar e procurar conhecer o professor é muito importante, pois, como citado anteriormente, não há uma regulamentação, portanto, busque o histórico, a área de atuação, a experiência, formação, enfim, tudo que auxiliar você a realmente ter conteúdos importantes para entendimento desse mundo que é a Aromaterapia.
Acredito que em breve teremos novidades e posicionamento do Conselho Federal de Farmácia sobre essa área de atuação, lembrando que ela pode ser incluída junto a prática clínica em consultório e, até mesmo, na área hospitalar.
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